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Psicologia: ciência ou profissão?

Aula inaugural do curso de Psicologia discutiu as diversas faces da atuação profissional.

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As várias facetas da Psicologia, sua atuação profissional e seus feitos na contemporaneidade foram o “café da manhã” dos alunos do curso de Psicologia da Bahiana, no dia 30 de janeiro, na Unidade Acadêmica Brotas.

A palestra, ministrada pelo psicólogo e professor-adjunto do Instituto de Psicologia da UFBA, Wilson Senne, levou os presentes a refletirem e debaterem sobre a importância do viés científico da psicologia. “Eu diria que a ligação com a ciência é fundamental, primeiro porque é possível fazer uma psicologia científica, os behavioristas mostraram isso. A questão é que ela não pode se reduzir somente a ciência dentro dos cânones tradicionais, a menos que se alargue o conceito de ciência, justamente por alcançar uma porção de práticas emergentes que requerem uma teorização em processo, uma teorização que faz avançar inclusive essas práticas. Psicanálise, marxismo, dois exemplos, não são ciência, no sentido canônico, mas também não são “blábláblá”, apesar de muita gente achar que sim, são defensáveis enquanto teorizações. Em parte, rigorosas, em parte, críticas, que buscam consenso e, em parte, transformadoras da realidade.”

Ele ainda defende que há a possibilidade de essas teorizações dialogarem com o método científico. “Esse diálogo é fundamental. Um dos riscos da psicologia se desgarrar da ciência é se misturar, por exemplo, com religião, que é o que está acontecendo. No caso de uma psicologia cristã, cujo estatuto epistemológico é ainda mais precário, está tudo para ser feito, não tem nenhum arrazoado teórico, científico que possa sustentar uma psicologia cristã. Então, esse é um perigo”.

O convite para a aula inaugural partiu da coordenação do curso que tem à frente a professora Sylvia Barreto. “Wilson Senne é uma referência nessa discussão que é atual sobre a formação em psicologia, sobre o currículo. Que psicologia é essa? E o nosso currículo é o tempo inteiro repensado. A gente pretende sempre atingir o objetivo de formar um psicólogo generalista, crítico, reflexivo e, por isso, a discussão: que psicologia é essa? Ela é ciência ou profissão? E ele traz uma contribuição sobre a questão da ética. Independentemente da linha teórica que eu escolha, da prática da minha formação, eu preciso atuar de forma ética, de forma crítica. E foi extremamente interessante trazer essas questões nessa conferência de abertura do semestre, para que os alunos saiam daqui refletindo sobre a posição deles enquanto estudantes e enquanto formadores do nosso curso de psicologia”.

Para a caloura, Ana Luisa Peixinho, a aula inaugural contribuiu para aprofundar questões que já trazia nesse primeiro semestre do curso de Psicologia. “Achei interessante a palestra. Como nós calouros temos muitas dúvidas, ele esclareceu algumas e instigou mais perguntas, ainda, mas que a gente vai respondendo ao longo do curso. Não começamos ainda as aulas, mas dá pra ver que é bem interessante. Eu, particularmente, gostei bastante do assunto. É bem polêmico  e instigante. Instiga muitas perguntas que vão ser respondidas ao longo do curso.” 


Wilson Alves Senne

Graduado em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1983), mestrado em Psicologia pela Universidade Federal de São Carlos (1986) e doutorado em Educação pela Universidade Federal da Bahia (2003). Atualmente, é professor-adjunto do Instituto de Psicologia da Universidade Federal da Bahia. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Metologia de Ensino, em Epistemologia e em Psicologia Social-Comunitária, atuando principalmente nos seguintes temas: políticas públicas, meio ambiente, escola, corpo e psicologia-história-século 20.