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Bahiana despede-se do Parapraia

Projeto encerra atividades com média de 30 atendimentos por dia.

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No último fim de semana, Salvador despediu-se da edição 2015 do programa Parapraia. A iniciativa da Secretaria Cidade Sustentável que contou com o apoio da Bahiana, através do curso de Fisioterapia, do Banco Itaú e do Salvador Shopping, teve início no dia 3 de janeiro, na praia de Ondina, onde foi realizada até o dia 18. De 24 janeiro a 8 de fevereiro, as ações do projeto aconteceram na praia da Ribeira.

Sempre aos sábados e aos domingos, o Parapraia atendeu cerca de 30 deficientes físicos e pessoas com dificuldade de mobilidade por dia, proporcionando-lhes um banho de mar assistido por estudantes e professores de Fisioterapia, além de voluntários dos demais cursos da Bahiana. Para uma maior segurança, o projeto ofereceu estrutura de tendas e rampas adaptadas para a mobilidade na areia, além das cadeiras anfíbias, proporcionando maior bem-estar para que os participantes permanecessem na água.

 Para a coordenadora do curso de Fisioterapia, Prof.ª Luciana Bilitário, entre os principais ganhos para os estudantes em participar está o exercício da cidadania. “Temos um ganho enorme em termos de humanização, cidadania, solidariedade, amor ao próximo. A participação dos professores deu-se de forma extremamente espontânea. Tivemos professores de outros cursos e contamos este ano com a participação de todas as Ligas Acadêmicas. Tivemos profissionais voluntários como educadores físicos e recebemos muitas propostas de participação, então, acho que no próximo ano vai ser melhor ainda”.

           


O secretário da Cidade Sustentável, André Fraga, declarou que “se o projeto tivesse conseguido atender a uma só pessoa, já teria valido a pena, porque, com todo familiar ou qualquer cadeirante que conversamos, percebemos as histórias. São pessoas que estão há 16 anos sem entrar no mar, pessoas que nunca tomaram um banho de mar. Então, essa transformação não é só no cadeirante, ela vai transformar o familiar, todas as pessoas ao redor, os amigos e também a gente que está, de certa forma, oferecendo aqui essa possibilidade de serviço.”

Ele ainda destaca a atuação da Bahiana para a viabilidade do projeto. “Tivemos os estudantes da Bahiana de forma voluntária, as professoras que estão aqui todos os fins de semana, também de forma voluntária, acompanhando o projeto, desenvolvendo as ações, capacitando as pessoas. Então, se a gente pudesse fazer um balanço, eu diria que todo ano a gente vem ampliando as atividades, passamos de quatro para seis fins de semana, de uma para duas praias e a nossa meta para o próximo ano é continuar essa ascensão, pensando em outras praias, mais tempo, mais esportes, algumas oficinas para os familiares. A ideia é transformar cada vez mais esse projeto e, quem sabe um dia, ter ele permanentemente ou uma vez por mês. Enfim, isso não está fora do radar, é claro que isso demanda uma série  de necessidades, organizações”.

No último fim de semana, estiveram atuando de forma voluntária a Liga Acadêmica de Dermato Funcional (LADEF) e a Liga Acadêmica de Fisioterapia, Ortopedia e Esporte (LAFORTE). Segundo a fisioterapeuta e ex-aluna da Bahiana, Juliana Menezes, “todo o trabalho que a gente está fazendo hoje é com relação à prevenção do câncer de pele, de informação em relação ao uso do protetor solar, de qual o fator ideal para cada tipo de pele”.

A professora do curso de Fisioterapia e monitora da Laforte, Ana Lúcia Barbosa, explicou que o trabalho da liga no Parapraia consistiu em orientar os cuidadores quanto ao transporte, transferência do cadeirante de sua cadeira para outro lugar e a melhor forma de cuidar do corpo. “Então essa ação que a gente está desenvolvendo esse fim de semana  é a primeira grande ação do ano  de 2015 e fora isso o ano passado a gente participou da CIPA  de lá da Bahiana  com intervenção de cuidados, orientação com o corpo, aplicação de TAPE, a gente participou da mostra científica também atendendo aos grupos de crianças, adultos, idosos; desenvolvemos um trabalho com idosos aqui na Ribeira, que foi um convite feito por outra liga de medicina, então a gente veio  para fazer um trabalho  de orientação de risco de queda, de postura e a ideia é essa, cada vez mais estarmos engajados nas questões sociais mesmo, de devolver o que a gente sabe para a sociedade de alguma forma”.

           

 
O Sidney Santana, professor do curso de Biomedicina, participou do Parapraia como voluntário. Ele conta que conheceu o projeto através de um convite feito por uma aluna de Fisioterapia com quem atuou no Programa Candeal. “Bom, sou professor da Bahiana do curso de Biomedicina, porém o programa Candeal, do qual eu faço parte do grupo inclusão social, me deu todo o suporte para trabalhar com esse tipo de público. Eu fui convidado por uma das alunas do curso de fisioterapia que participou do meu grupo de inclusão social no Candeal e, então, eu estive a primeira vez, lá em Ondina, onde o projeto iniciou e pude participar, ajudar ao público e, a partir daí eu tomei gosto pela coisa e continuei vindo não só para os fins de semana seguidos em Ondina e também aqui na Ribeira que já está deixando saudade”.

A professora Mariza Leão participa do projeto desde o ano passado. Ela declara que a iniciativa está de parabéns, mas há a necessidade de a cidade de organizar, pois a falta de acessibilidade ainda é uma grande barreira. “A gente tem que se preparar, se organizar porque nem tudo é acessível, então, agora vindo da praia com o projeto fica melhor. Eu moro na Vila Laura. Desde o ano passado que eu soube do projeto, comecei a vir e estou sempre acompanhando as datas. Estão de parabéns na iniciativa e, se pudesse todo mês, um dia, um domingo, um feriado, seria muito bom. O ano todo nessa cidade é verão, vamos reivindicar isso”.

A falta de acessibilidade de cidadania ainda são pontos que precisam ser trabalhados. Como aponta o motorista de táxi, Lobes Borborama, pai da cadeirante, Elizângela dos Santos, formada em Ciência da Informação. “Acho que isso deveria ser feito mensalmente, isso não pode ser esporadicamente não. Ao longo do ano, sem uma atividade dessa, é bem complicado ir à praia, é sofrível. Eu acho que pior é não ter nada, porque a gente tem que abraçar o que tem nas mãos. Ela ia antigamente na praia do Flamengo, mas devido à falta das barracas, tornou-se insegura, não tem estrutura”.