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Criança Viada ou de como me disseram que eu era gay

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Promover uma formação humanitária e solidária é um dos principais focos de ação da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública para contribuir com uma sociedade mais igualitária, justa e inclusiva. Dessa forma, a instituição recebe, durante este mês de agosto, a peça "Criança Viada ou de como me disseram que eu era gay", de autoria do ator Vinicius Bustani, com a direção de Paula Lice. O espetáculo já foi exibido para turmas da graduação e colaboradores dos Campi Brotas e Cabula.

Além de ser um desabafo do ator, por trazer sua experiência com a homossexualidade, perpassando por episódios de preconceito e o desafio de revelar sua sexualidade para seus pais, Criança Viada também traz como verve o combate à homofobia. Após cada espetáculo, foi realizado um bate-papo com Vinicius, Paula e a plateia, mediado pela coordenadora de Desenvolvimento de Pessoas da Bahiana e pedagoga, professora Luiza Ribeiro. Segundo ela, a Bahiana é uma instituição anti-homofóbica e trazer esta peça para a instituição é uma ação de combate à homofobia: "A Bahiana é uma instituição que forma profissionais comprometidos com a ética e a moral, tendo como base o respeito à diferença e ao outro. Então estar aqui com a peça Criança Viada é um momento muito especial para que nós – colaboradores, professores, alunos – reflitamos sobre os nossos próprios valores, dentro de uma sociedade homofóbica que vem reproduzindo discriminações indiscriminadamente, sem pensar. Então a Bahiana se posiciona como uma instituição anti-homofóbica, que trabalha isso por meio do diálogo, do conhecimento, da informação e da arte."

Segundo Vinicius, o contato com a comunidade Bahiana foi positivo no sentido de abrir novas possibilidades de refletir o assunto: "Quando a gente recebe o público, a gente nunca sabe quem vem e aqui, na Bahiana, foi a primeira vez que a gente se apresentou para um público majoritariamente jovem. Nos perguntamos se essa questão ainda precisava ser discutida com essa faixa da população, que já teve um caminho aberto por outras pessoas. Porém, quando a gente vem para esse universo, vemos que ainda vale a pena discutir isso com eles.”  Sobre uma apresentação especial realizada para adolescentes da Escola Estadual Francisco da Conceição Menezes, no Campus Cabula, Bustani observa que o grupo de adolescentes de 14 a 16 anos tem uma melhor aceitação, porém ainda enfrenta muita resistência por parte dos pais e pessoas mais velhas: "Essa, com certeza, não é uma questão que está esgotada. Além disso, o grande aprendizado nosso aqui é falar sobre questões que nunca tínhamos levantado, como a área da saúde e a importância de tratar sobre esse assunto com profissionais da saúde".

O protagonista conta que, desde o início, a ideia era discutir a questão a fundo e, dentro dessa proposta, Paula Lice idealizou um espetáculo didático e de viés amplo, atingindo de jovens a pessoas mais velhas:  "Uma das primeiras coisas que perguntei para Vinicius foi com quem ele queria falar. Ele respondeu que gostaria de falar com pessoas para quem isso fosse novidade. Desde o início, então, pensamos no formato de sala de aula para poder haver a possibilidade dessa conversa no final."

Para o aluno 4º semestre de Medicina, Iago Lemos Teixeira Sarno, de 20 anos, o espetáculo foi muito importante no processo de formação acadêmica: "Primeiro para diminuir o preconceito geral que a turma e a classe de médicos formandos ainda têm. Acho que, por virem de uma camada mais privilegiada da sociedade – mais rica, brancos, religiosos – ela é mais preconceituosa. Além disso, creio que a peça contribua para a descoberta pessoal de cada um, porque agora que a homossexualidade está, finalmente, sendo discutida, algumas pessoas começam a se perceber, nessa idade, como homossexuais ou bissexuais e acho importante essa reflexão para elas também".

Segundo a coordenadora do curso de Enfermagem, professora Cristiane Magali, um dos aspectos da peça que enriquecem o processo de formação do aluno é, justamente, a reflexão do ponto de vista do profissional de saúde: “Como profissionais da educação e da saúde, nós não podemos fazer o acolhimento de alguém à luz de nosso prisma e da nossa lente. É claro que passará por nós como sujeitos com nossas histórias interagindo, mas, no momento que essa interação com o paciente se der, precisamos entender que nós não detemos um saber imutável e que o outro é diferente. ”

Haverá uma sessão especial do espetáculo "Criança Viada ou de como me disseram que eu era gay" para todos os professores da Bahiana, dia 18 de setembro, no Auditório I do Campus Cabula.