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PAES fecha Setembro Amarelo com ciclo de ações

A iniciativa contou com três dias de ações, além de participações de estudantes e profissionais de várias instituições.

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O Programa de Ações e Estudos sobre o Suicídio – PAES, da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, realizou um ciclo de ações em referência ao mês internacional de prevenção ao suicídio, também conhecido como “Setembro Amarelo”. O grupo de estudo, coordenado pela professora Ailcil Franco, completou três anos de atividades.

Ailcil conta que o surgimento do grupo se deu a partir de queixas dos alunos quanto à falta de debates sobre o suicídio. Atualmente, há reuniões semanais que são abertas a estudantes de outras instituições. No primeiro dia, 14 de setembro, a ação foi realizada no Campus Cabula. A programação abrangeu diversas palestras e discussões entre vários cursos, com participação de mais de 170 alunos. Já no segundo dia, 21 de setembro, ocorreu o cine debate com a exibição do filme “Elena” (2012), no Campus Brotas.

O objetivo do cine debate foi abordar a posvenção, que é a atenção e cuidado que se deve ter com familiares e amigos que perderam pessoas por conta do suicídio, uma vez que essa tipificação de morte gera muita culpa ou até novas ocorrências. Segundo a coordenadora do PAES, ainda não se sabe exatamente as causas desse fenômeno, mas algumas observações científicas sugerem predisposição genética, apesar de nem sempre essa evidência se aplicar. Um exemplo disso são as comunidades em que um suicídio provoca outros, mesmo as pessoas não sendo parentes. “São linhas que precisam ser estudadas”, conclui a professora. Após o documentário, a turma foi dividida em grupos de discussão para refletir os aspectos do pós-suicídio.

     
Para completar o ciclo de ações, no dia 28 de setembro, no Campus Brotas, houve a presença de dois especialistas: Wilson Alves Senne, professor adjunto do Instituto de Psicologia da Universidade Federal da Bahia, e Luciene Figueiredo, professora e mestre em Família na Sociedade Contemporânea. Os palestrantes apresentaram os impactos da tecnologia e o aumento do suicídio na sociedade contemporânea.

Para o professor Wilson Alves, iniciativas como a da PAES são sempre importantes, principalmente para quem está no início do curso, pois o contato com outros professores, estudantes e profissionais beneficia a formação do indivíduo. A estudante do 10º semestre de Psicologia e membro do PAES, Camila Viana, que explanou sobre a posvenção ao suicídio, frisa o intuito das atividades: provocar a reflexão acerca da maneira com a qual “podemos lidar com a questão, mesmo que seja no nosso núcleo afetivo”.

Lorena Muniz, psicóloga do hospital Santa Izabel, também explicou sobre a posvenção. A psicóloga, que trabalha com pacientes que chegam ao ambulatório por tentativa de suicídio, destaca que é necessário alinhar os procedimentos com a equipe, desde a urgência subjetiva até o risco de vida eminente, por meio de medidas que possam avaliar caso a caso, prevenindo novas tentativas.
     
“O objetivo é oferecer ao sujeito um suporte eficaz. A informação ajuda bastante, pois o tema ainda é tabu na nossa sociedade, inclusive, na própria área da saúde. Alguns profissionais acabam repassando determinadas crenças a familiares nessa situação, o que intensifica o sofrimento”, acrescenta Lorena, que recomenda a ampliação desse conhecimento para outras instituições, visto que o suicídio é um processo multifatorial, que envolve diversos aspectos.

O ex-aluno da Bahiana e psicólogo, Júlio César Requião, aponta a necessidade em desmitificar o tema para acolher os pacientes da melhor forma e entender suas particularidades. Seguindo essa premissa, Deivison Julião, estudante de Enfermagem da Unifacs, bastante satisfeito com a programação, relata o quanto foi gratificante vivenciar os debates que conectaram estudantes e profissionais: “Esse ciclo de três dias motivou a participação de todos, mesmo a de quem não trabalha diretamente com a psicologia, como é o meu caso”.


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