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Cura da candidíase sem uso de medicação

Método não invasivo trata, em apenas cinco sessões, pacientes que sofriam há mais de seis meses com a doença.

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Uma parceria entre a Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública e a empresa DGM Eletrônica acaba de colocar no mercado o Dispositivo de LED para tratamentos vaginais. A iniciativa permitirá o tratamento de enfermidades, como a candidíase, em larga escala, por meio de poucas sessões que podem ser realizadas por profissionais que atuam na área uroginecológica (urologistas, ginecologistas, fisioterapeutas e enfermeiros, excluindo o uso de medicamentos).

A candidíase
Coceira intensa na região íntima e dor ou ardência durante as relações sexuais são alguns dos sinais de alerta para a candidíase vaginal, uma infecção causada por qualquer tipo de fungo do gênero Candida. Ela não é considerada uma doença sexualmente transmissível, e seu tratamento, geralmente, é realizado com pomadas ou medicamentos via oral.

Porém, o alto índice de recorrência, relacionado ao fungo Candida glabrata chamou a atenção das pesquisadoras Patrícia Lordêlo, Mariana Robatto e Maria Clara Pavie, do Centro de Atenção ao Assoalho Pélvico (CAAP), ligado à Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. Elas perceberam que muitas pacientes não respondiam ao tratamento tradicional dentro do prazo previsto (dias), passando a meses de terapia medicamentosa, o que acarreta efeitos adversos, como insônia, ansiedade, disúria (dor ou ardor ao urinar) e dor vaginal.

Nesse sentido, o grupo desenvolveu um tratamento com o uso da luz de emissão de diodo (LED) azul que já se encontra na fase de testes clínicos randomizados, tendo sido apresentado em diversos congressos da área, a exemplo do 48th Annual Meeting of the International Continence Society, realizado em 2018, na Filadélfia, Estados Unidos, e publicado em revistas cientificas internacionais de alto impacto, como a Lasers in Medical Science.


Segundo a coordenadora do CAAP, Dra. Patrícia Lordêlo, que é fisioterapeuta e doutora em Medicina e Saúde Humana, foi desenvolvido um aparelho para a emissão da luz de LED azul cuja patente já foi depositada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial. "Temos casos de pacientes que já estavam em tratamento há mais de seis meses e que, com apenas três sessões de trinta minutos – sendo uma sessão por semana –, alcançaram a cura". Ela destaca a ausência de contraindicações e efeitos colaterais do tratamento, por se tratar de emissão de luz sem radiações ou outros fatores externos. "A sessão é simples. A paciente fica deitada e não precisa fazer nada", explica Lordêlo.

Os estudos foram ampliados, e hoje o dispositivo já é destinado também ao tratamento de disfunções sexuais em pacientes oncológicos (a exemplo do câncer de próstata e no combate à atrofia vulvovaginal).

Dispositivo de LED para tratamentos vaginais
Após um largo período de atendimentos em grupo de controle, o protótipo mostrou a sua eficácia no tratamento da candidíase, possibilitando uma parceria entre a Bahiana e a DGM Eletrônica para a produção em larga escala e introdução do dispositivo no mercado de saúde.

O pró-reitor de Pesquisa, Inovação e Ensino de Pós-Graduação Stricto Sensu da Bahiana, Dr. Atson Fernandes, destaca a importância da parceria entre a academia, com o seu saber científico, e a indústria, com o seu saber técnico, para o sucesso do projeto. “É uma grande conquista, porque a gente cumpriu todas as etapas para chegar ao produto: a pesquisa; o desenvolvimento tecnológico, a partir do embasamento científico; a validação e a comercialização. É um grande passo que mostra a maturidade institucional da Bahiana, que contribui com o seu próprio papel, num chamado ‘ecossistema’: ciência, tecnologia e inovação”, declara.

A transferência de tecnologia da academia para a indústria também é celebrada pelo CEO da DGM Eletrônica, Décio Minalle. Segundo ele, uma grande dificuldade é os pesquisadores das universidades produzirem, sem o conhecimento industrial, um dispositivo que chegue com segurança à sociedade. Minalle frisa ainda que é dispendioso para a indústria manter em seu quadro pesquisadores tanto quanto é para a academia manter engenheiros com o conhecimento técnico e acesso à produção tecnológica.

“A parceria é boa para os dois lados: a academia entra com o conhecimento científico, e nós, da indústria, entramos com a tecnologia. Isso permite entregar ao mercado um produto com eficácia comprovada cientificamente”, acrescenta o CEO. Sobre a aprovação nos órgãos públicos responsáveis, Minalle explica que a DMG Eletrônica já possui aprovação da ANVISA para produzir aparelhos de tratamento por fototerapia, que é justamente o caso, pelo fato de o dispositivo ser um tipo de fototerapia, como é o Dispositivo de LED para tratamentos vaginais.

FOTO: Da esquerda para a direita, temos as pesquisadoras Mariana Robatto, Patrícia Lordêlo e Maria Clara Pavie.